Discorrer acerca de Luiz Inácio nos dias de hoje virou brincadeira de mau gosto, ou quiçá bullying. Bater no moribundo (politicamente falando, e não apenas) deixou de ser tarefa exclusiva de uma parcela mais cética e lúcida da sociedade brasileira e passou a ser algo mais simpático e digerível até por aqueles desiludidos que outrora o aclamavam.
Entre os anos de 2005 e 2007 o então articulista de Veja, Diogo Mainardi, tratou muito bem do assunto, com trabalho denodado, martelando “A Anta” – apelido carinhoso empregado pelo mesmo a Lula – de maneira tenaz, fechando um ciclo interessante e contribuindo de forma substantiva na tentativa de sepultar o, à época, presidente. Um outro a engrossar o tom foi Reinaldo de Azevedo que, com peculiar sapiência e intrepidez, elevou, não apenas o tom, mas também o período vertiginoso com críticas incisivas durante toda a trajetória do imprestável trabalho deste homem a desserviço da nação brasileira. A lista seria vasta, elencar todos necessitaria de trabalho hercúleo e demorado. Mas muitos outros também manifestaram sua insatisfação com o que estava – e está - sendo feito do Brasil, com auspiciosa cooperação no intento de enterrá-lo politicamente. Mas divago.
Passam-se os anos e ficam os legados, ou melhor, neste caso, os desmantelos. Lula conseguiu ludibriar muita gente – não só do Brasil, mas em boa parte do mundo – com o seu (des)governo, o mais perdulário e corrupto da ‘história desse país’ – expressão que o mesmo adora utilizar para se auto glorificar. Nada mais antiquado. Em seguida, Dilma Rousseff apresenta-se ao Brasil pelo “dedão” do seu padrinho e, mesmo com mensalão, corrupção descarada, alianças fisiológicas, acordos de forma sub-reptícia e muita chicana, incrivelmente ela, ainda assim, conseguiu vencer as eleições. Com cara rabugenta, de madrasta mal amada, e fama de moralista/ reformista ela chega assomada de muita expectativa. De boas-vindas recebe um belo presente de grego: uma gigantesca e tácita herança maldita do seu antecessor (sobretudo no campo econômico). Agora temos a gestora rabugenta e o “herói-salvador”. Ambos forjados no mesmo abjeto embrião ideológico. Muda apenas o gênero e um pouco do cinismo, pois um é mais explícito que o outro.
Lula deixou o governo ovacionado, como homem que mudou a vida e o destino de milhões de brasileiros – nada mais propagandístico e leviano, típico do PT e de governos da sua laia. Dilma deparou-se com um mundo mais desfavorável e não teve a mesma sorte. Por conseguinte, deixa o país descarrilhar perdendo totalmente o controle de tudo que antes era deliberado pelo seu partido; da população aos seus aliados no congresso; de parte da mídia aos seus correligionários. A verdade veio à tona. O sonho de uma noite de verão acabou. Segundo o economista, PhD pela Universidade de Chicago, Paulo Guedes: “a maré baixou e o Brasil estava nadando pelado”. Agora é hora das agruras e, inexoravelmente, de um choque de realidade. Aos investidores do mundo não restam duas ilações, apenas uma: o governo fracassou! “O Brasil é o país do futuro” – e continua a ser. Até quando? Ninguém sabe. Não custa rememorar que esta famigerada frase foi dita pelo escritor austríaco Stefan Zweig aquando estava exilado no Brasil e, pouco anos depois, o mesmo suicidou-se. Vai ver, austríaco disciplinado que era, não tinha tanta paciência com estas eternas postergações – que duram até hoje, 73 anos depois.
E o Lula? Sumiu de cena. O filho mais malandro do Brasil abandonou seus amigos no baile na hora da confusão e, provavelmente, só voltará quando tudo estiver mais tranquilo perguntando o que aconteceu, pois ele (como sempre) não viu e não sabe de nada – assim ilustrou de forma brilhante o jornalista Paulo Martins recentemente, e eu concordo ipsis litteris. Com efeito, e a contragosto, Lula parou de fazer o que ele mais gosta na vida: auto congratular-se de um país “criado” por ele e vender irrealidades travestidas de orgias sociais como sempre veio a fazer durante todo esse tempo. Reitero: orgia social sim! Pois a única reforma, de fato, que ele fez foi na vida do próprio filho onde, da noite pro dia, deixou de ser um simples monitor de jardim zoológico e tornou-se um grande milionário na área das comunicações, recebendo atenção até mesmo da revista Forbes. E o cara de pau do Luiz Inácio Malandro da Silva disse ao povo brasileiro que não imaginava ter um “Ronaldinho dos negócios” dentro de casa. Coincidência, e eu não acredito nelas, é que o “talento” nato de seu filho Lulinha só veio assomar-se, e o mesmo locupletar, quando o pai chegou à presidência da República. Sinceramente, é esnobar demais do intelecto brasileiro.
Não há mais espaço para essa gente inescrupulosa na política brasileira. Eu, otimistamente, espero que o Brasil deixe de ser aquela “mulher de malandro“ que apanha, apanha, apanha e depois sempre volta atrás. Está na hora de um divórcio, longo e duradouro, desses canalhas! Chega de inércia e parcimônia, vamos dar vez à razão e façamos dessa insatisfação -que eclodiu semanas atrás- consubstanciar-se em votos de repúdio ao PT nas urnas em 2014. O precipício é escuro e profundo e já está logo à frente; a mudança de rumo não pode mais tardar, pois a queda pode ser muito forte e os danos irreversíveis. Precisamos, urgentemente, enDIREITAr o Brasil. Amém!
* Mestrando em Ciência Política na Universidade Nova de Lisboa.
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