Um atentado com carro-bomba deixou cerca de 30 mortos nesta segunda-feira, incluindo crianças, em um reduto rebelde da província síria de Idleb (noroeste), onde quatro dos sete membros de equipes humanitárias sequestrados no domingo foram libertados.
Na frente diplomática, a Rússia pediu que os Estados Unidos convençam a oposição síria dividida a participar da conferência de paz, chamada de Genebra 2, enquanto o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou que é "urgente estabelecer uma data" para essa reunião.
O atentado ocorreu em um mercado da cidade de Darkouche, a alguns quilômetros da fronteira turca, deixando 27 mortos, entre eles três crianças e uma mulher - indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Um vídeo divulgado após o ataque mostra uma área devastada e carros em chamas.
Também na província de Idleb, que tem grande parte em poder dos rebeldes, seis membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a maioria de nacionalidade síria, e um integrante do Crescente Vermelho sírio foram sequestrados no domingo.
O integrante do Crescente Vermelho e os três do CICV foram libertados nesta segunda "sãos e salvos", anunciou a Cruz Vermelha em Genebra, dizendo-se ainda "à espera de mais informações" dos três últimos reféns.
Segundo o OSDH, que se baseia em uma ampla rede de militantes em todo o país, o Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), um grupo jihadista ligado à Al-Qaeda, está por trás do sequestro.
O CICV ressaltou que manterá suas missões na Síria.
O CICV conta com 30 expatriados e cerca de 120 funcionários sírios na Síria, e ainda não tinha sofrido um sequestro no país. No entanto, 22 colaboradores do Crescente Vermelho sírio foram mortos desde o início do conflito.
Em um país onde a violência deixou, segundo o OSDH, mais de 115 mil mortos em dois anos e meio e obrigou milhões de sírios a deixar o país, um dos principais grupos de oposição anunciou sua recusa em dialogar com o regime de Bashar al-Assad em Genebra.
O chefe do Conselho Nacional Sírio, Georges Sabra, também ameaçou se retirar da Coalizão Nacional Síria, que reúne os grupos de oposição, se ela participar da reunião.
Russos, americanos e a ONU tentam reunir regime e oposição na mesma mesa até meados de novembro, mas as divergências persistem, principalmente sobre o objetivo do encontro.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, considerou que "o principal obstáculo" para o encontro continua sendo "a incapacidade" dos Estados Unidos de reunir os dois lados.
Após um encontro em Londres com o enviado internacional Lakhdar Brahimi, que deve viajar em breve à região para ver "o máximo de pessoas possível", Kerry afirmou que não há uma saída militar para o conflito. O secretário dos EUA repetiu, porém, que Assad "perdeu a legitimidade". A Coalizão opositora recusa qualquer transição que não envolva uma saída de Assad.
Sabra acusou a comunidade internacional de ter deixado o regime "impune" depois do ataque químico de 21 de agosto perto de Damasco, que fez pairar a ameaça de ataques ocidentais, finalmente afastado por um acordo sobre o desmantelamento das armas químicas sírias.
Nesse âmbito, a holandesa Sigrid Kaag foi nomeada para dirigir a missão conjunta da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), encarregada de supervisionar a eliminação do arsenal antes de meados de 2014.
"Os prazos são curtos e uma corrida contra o tempo começou para cumpri-los", advertiu o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, frisando a "boa cooperação" de Damasco com a equipe ONU-Opaq.
Depois de a Opaq ter conseguido na sexta-feira o prêmio Nobel da Paz por essa missão, Assad declarou que a recompensa deveria ter sido entregue a ele - de acordo com o jornal libanês pró-sírio Al-Akhbar.
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