sábado, 23 de novembro de 2013

Há contradições entre reconstituição e depoimentos de padrasto, diz polícia

Guilherme Longo participou do trabalho da Polícia Civil nesta sexta-feira.
Terceira pessoa no crime foi totalmente descartada, diz delegado.



Do G1 Ribeirão e Franca

O delegado que chefia as investigações Paulo Henrique de Castro realizou uma coletiva de imprensa após a reconstituição (Foto: Érico Andrade/G1)Delegado diz que surgiram contradições entre depoimento de Guilherme Longo e reconstituição na casa da família (Foto: Érico Andrade/G1)
O delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia a investigação da morte do meninoJoaquim Ponte Marques, de 3 anos, afirmou na tarde desta sexta-feira (22) que a reconstituição do desaparecimento do garoto fez surgir novas contradições sobre o caso. Segundo Castro, há divergências entre os depoimentos do padrasto, o técnico em TI Guilherme Longo, e a forma como ele agiu em alguns momentos dentro da casa, no Jardim Independência, em Ribeirão Preto (SP), e no trajeto para o local onde afirmou ter ido comprar drogas, na madrugada de 5 de novembro.
O procedimento aconteceu na tarde desta sexta-feira e durou cerca de duas horas. De acordo com o delegado, a reconstituição eliminou qualquer possibilidade de uma terceira pessoa dentro da casa na noite em que Joaquim desapareceu.
"A reconsituição foi favorável para esclarecer alguns detalhes, mas outras contradições surgiram. Já descartamos a possibilidade de uma terceira pessoa e vamos juntar o resultado da perícia aos autos, depois que o pessoal elaborar tudo", afirmou Castro, destacando que o laudo da reconstituição deve sair em duas semanas.
O delegado explicou que o procedimento foi mais demorado no interior do imóvel, que no trajeto que Longo relatou ter feito para tentar comprar drogas - percurso de 1,6 quilômetro e que teria durado 40 minutos. "A perícia detalhou bastante os relatos de tudo o que aconteceu dentro do imóvel. Precisamos levar em consideração também que durante o trajeto na rua, a pressão da população era muito grande. Estava muito perigoso", disse.
Dentro da casa de Joaquim, policias conversam e acertam detalhes sobre a reconstituição (Foto: Érico Andrade/G1)Dentro da casa de Joaquim, delegado conversa com
peritos durante reconstituição nesta sexta-feira
(Foto: Érico Andrade/G1)
O delegado, no entanto, não descartou a contradição entre o tempo que Longo relatou ter ficado fora de casa na madrugada do dia 5 e o tempo que o padrasto levou durante a reconstituição para chegar ao ponto de drogas. "O tempo mais curto desse trajeto realmente mostra que não foi aquele tempo todo que ele demorou", afirmou.
Durante o procedimento, Castro relatou que Longo permaneceu calmo e se portou da mesma forma como agia durante os depoimentos que prestou à Polícia Civil. "A intenção dessa reconstituição era a gente aparar algumas dúvidas que tínhamos. O Guilherme deu suas versões e fomos ao local observar a dinâmica dos fatos."
Natália descartada
Castro voltou a descartar a possibilidade de a mãe de Joaquim, a psicóloga Natália Ponte, participar de uma nova reconstituição na casa do menino. De acordo com o delegado, há diligências mais importantes que ainda devem ser cumpridas. "Se porventura acharmos importante, faremos uma segunda reconstituição com a Natália. Mas neste momento não é interessante para as investigações", explicou.
O delegado ainda aguarda a bilhetagem completa das ligações recebidas e realizadas por Natália e Longo na manhã do desaparecimento porque, segundo Castro, a documentação deve auxiliar na continuação das investigações.
Linha do tempo - caso Joaquim (Foto: Arte/G1)
A mãe e o padrasto estão presos temporariamente, considerados suspeitos de envolvimento no sumiço e na morte da criança. A Justiça decretou a prisão temporária do casal por 30 dias. Nesta segunda-feira (18), a Justiça também negou o pedido de revogação da prisão de Longo, que pediu habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo.
Tumulto na reconstituição
A reconstituição da morte do menino Joaquim  foi marcada por um tumulto na tarde desta sexta em Ribeirão Preto.  Durante o trajeto feito por Guilherme Longo, em direção ao local onde ele afirmou, em depoimento, que foi comprar drogas, populares furaram o bloqueio feito pela polícia e por pouco não agrediram Longo fisicamente.
O padrasto, apontado pela polícia como o principal suspeito pela morte de Joaquim, deixou o local da reconstituição em um camburão da Polícia Civil, escoltado por outras duas viaturas, uma delas onde estava o delegado.
A reconstituição do crime dependia, segundo o delegado, do reforço na segurança e da interdição da área onde fica a casa da família de Joaquim, e de onde ele desapareceu na madrugada de 5 de novembro. O esquema foi acertado na quinta-feira (21) em uma reunião entre o comando da Polícia Militar e o delegado responsável pelo caso.
Desde que o corpo do menino foi achado, no dia 10 de novembro, o local virou ponto de manifestações de populares, que deixam homenagens a Joaquim e cartazes com mensagens de protesto.
Investigação
A polícia suspeita que Joaquim, que era diabético, tenha recebido uma alta dosagem de insulina, que teria o levado à morte. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), não é possível determinar a causa da morte da criança. As únicas lesões encontradas no corpo do menino foram na pele, em razão dos dias em que foi arrastado pelo rio. De acordo com o laudo, não foi encontrada água nos pulmões de Joaquim, o que indica que não houve afogamento.
O delegado aguarda o resultado dos testes toxicológicos feitos nos órgãos da criança e que deve ficar pronto nos próximos dias. Para especialistas, a morte causada por excesso de insulina pode não ser detectada nos exames, já que o hormônio é rapidamente processado pelo organismo. Segundo a polícia, nos depoimentos prestados até agora o casal apresenta várias contradições
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