Nessa terça feira a Comissão de Anistia decidiu indenizar e oferecer um pedido formal de desculpas do Estado brasileiro ao evangélico Anivaldo Padilha, que foi preso e torturado durante a ditadura militar, e teve que se exilar do país. Anivaldo é pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Anivaldo Padilha é membro da igreja Metodista e era contratado pela instituição na publicação de uma revista. Quando teve acesso aos documentos do antigo SNI (Sistema Nacional de Informações) o evangélico descobriu que seus delatores foram membros da igreja que frequentava: José Sucasas Jr. e Isaías Fernandes Sucasas, pastor e bispo da Igreja Metodista, ambos já falecidos.
De acordo com o Terra, a proposta da relatora Carolina de Campos Melo, propõe como indenização o pagamento de R$ 2.484, referente ao salário de um redator de jornal, cargo que Padilha ocupava quando foi preso em 1970. Além disso, ele receberá o pagamento de quase R$ 230 mil retroativo a 2005, quando entrou com o requerimento.
Em discurso emocionado durante a sessão de julgamento, Anivaldo disse: “Foi uma dor o fato de ter sido privado de ter convivido com meu filho, Alexandre Padilha, durante a infância, importante período”. Ele retornou ao Brasil, de seu exílio, apenas em 1979, quando Alexandre Padilha tinha oito anos.
Em outro momento de seu discurso, ele relatou ainda: “Minha saída do Brasil foi talvez muito mais dolorosa do que as torturas que eu sofri. No período da clandestinidade, minha companheira ficou grávida. Chegou um momento em que o cerco foi se fechando, havia uma possibilidade em que eu não só seria preso, mas talvez morto”.
Padilha decidiu enviar os nomes de torturadores dos extintos Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e da Operação Bandeirantes (Oban), para a recém-instalada, Comissão da Verdade. Criada recentemente pela presidente Dilma Rousseff, a comissão terá dois anos para investigar crimes contra direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988.
“Não é uma questão de punir pensando no passado, mas é punir pensando no futuro, porque os torturadores continuam nas prisões e delegacias de todo o País, pois sabem que podem ficar impunes”, argumentou Anivaldo, que disse ainda: “Nós temos no Brasil uma tradição de impunidade (…). Se os crimes cometidos pelo Estado Novo tivessem sido investigados e os torturadores e assassinos, punidos, talvez o golpe de 64 não tivesse ocorrido”.
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